segunda-feira, 23 de junho de 2014

Flôr do maracujá


Terça desta semana passei, à noite, na frente de um pé de maracujá. Estava florido, mas suas flores estavam murchas, porque era noite e o natural desta flor é que se guarde para abrir com a luz.
A flor me chamou atenção. Em primeiro lugar porque amo tudo o que é da natureza, obra prima do meu Pai! E em segundo lugar, porque aquela é uma flor particularmente bonita que traz recordações da infância. Sem falar no seu cheiro que é maravilhoso.
Tenho o hábito de fotografar aquilo que acho bonito ou que me chama a atenção por ser diferente, ou interessante. E naquele momento a imagem da flor precisava ser capturada. Mas por causa de algumas amigas que impacientemente já foram dizendo que eu iria “de novo parar” para fotografar! (Já tinha fotografado um sapo, uns 30 minutos antes), resolvi deixar passar.
Mas havia algo em torno do fato da flor estar em meu caminho, e não a esqueci. Na quarta, acontecimentos inesperados fizeram com que meu percurso fosse alterado e cheguei ao trabalho por um caminho que me favorecia a fazer um breve desvio para passar pelo pé de maracujá. E claro, segui a orientação de meu coração. Acebei por tirar lindas fotos. Mostrei as fotos a todos que encontrei (gosto de compartilhar coisas bonitas) e finalmente publiquei-as no facebook com a seguinte frase “Sempre tem um recado de Deus em nosso caminho se tivermos atentos para ouvir! ”
O motivo porque achei que estava escrevendo aquilo foi por me sentir agraciada por Deus, de ter tido a oportunidade de receber aquele presente. A flor estava ali, todos passando, ninguém a notava, e de repente ela salta à minha vista, e me chama a atenção. “Ganhei uma flor de Deus! ”, este foi meu pensamento. E fui lá colhê-la. Não a arrancando, mas capturando-a para sempre como imagem, cheirando-a e admirando-a sem pressa. Me senti feliz, meu coração se encheu de alegria. As coisas simples são sinceras em nos fazer felizes. É apenas aquilo, é ali e pronto. Toda a beleza do “simples” fica a cargo dos olhos de quem o consegue enxergar!  Enxergar o milagre de uma flor, aí reside a sua beleza.
Passei o dia bem. E estava convencida de que tinha acertado em dizer que tinha recebido o recado de Deus. Mas, uma inquietação surgiu em torno destas flores, a tal ponto que deixou-me em sintonia por mais um dia, e não aguentando mais pensar sobre isso, resolvi despejar aqui tudo aquilo que quer sair!
Cheguei no meu trabalho, e ao mostrar uma das fotos a um colega, ele falou: “Nossa, não tem nenhuma possibilidade dela não ser polinizada!”
BUMMM! Aquilo foi na minha alma! Depois que ele falou, vi o momento em que tirei a foto, uma abelha se recusava a afastar-se, eu aproximava a câmera, ela afastava um pouco, eu tirava a câmera, ela voltava quase que imediatamente, ficava esperando espaço. E isso aconteceu duas ou três vezes. Aquela flor, de cheiro totalmente irresistível, completamente aberta à visitação! Totalmente entregue ao mundo, sem pudor, sem reservas! Aquela abelha atraída sedenta pelo que via! Que coisa incrível. Deus estava falando... dando seu recado. E era mais do que eu imaginava.
Deus começou a ministrar meu coração. Ele disse que é como eu preciso ser, como esta flor.
Eu fico fazendo imagens em minha mente de qual foi a cara que meu espírito fez para o Senhor, quando Ele falou isso! Espanto? Uma cara assim de pasma! Sem demora, fui ler sobre o maracujá, sobre a flor, a polinização. E descobri muitas coisas interessantes. Eu precisava entender o que Deus queria me dizer com aquilo!
Em primeiro lugar, como já disse, a flor não abre a noite. Só se abre para a luz, durante o dia e enquanto a luz durar. Pois a noite não há abelhas acordadas para a polinizar, então não é necessário gastar energia com a noite, nem é aconselhável se expor. Então a noite, a flor não cheira. Não exala perfume, fica quieta.
Assim, os filhos de Deus, como flores no jardim daquele que é a Luz, devem se abrir apenas para a luz. Nunca gastar energia se expondo para a escuridão, nunca oferecer seu perfume para a noite. Não devemos nos expor para os perigos da noite. Os seres da noite que serão atraídos pelo nosso perfume não serão abelhas e não virão para polinizar, mas para destruir.
A flor só é polinizada com pólen de outras flores, e não pode ser flores da mesma planta, mas de outras, caso contrário dá incompatibilidade. Então, na polinização natural, uma abelha se enche de pólen quando vem tirar o néctar e tem que voar para outras plantas para polinizar outras flores. A flor aberta exala o perfume que atrai a abelha e doa a esta seu néctar, com isso, tem uma chance de 13% (dados da EMBRAPA) de conseguir ser polinizada. Não há garantias de conseguir! Mas o néctar tem que ser doado. As abelhas veem usufruir da benção que derrama daquela flor. Mas o fruto só nasce se houver esta entrega, se houver abelha. Uma entrega sem garantias. E nós, flores de Deus, precisamos exalar o bom perfume para atrair as pessoas que precisam da Sua unção. Precisamos doar, sem pensar em troca, simplesmente precisamos nos doar, abrir o coração para o derramar da unção de Deus na vida de outras pessoas. O perfume inigualável daquela flor, só podia ser o perfume de Deus. A beleza e o aroma atraem os sentidos!
Mas nem todos são abelhas, muitos passarão com seus olhos ocupados, suas narinas insufladas de muitos cheiros, e suas cabeças cheias de preocupações. Não verão as flores. Não sentirão perfume. Ou não se quedarão pela beleza.
É assim com os que exalam o cheiro de Deus. Nem sempre são percebidos. Olhos não veem, ouvidos não ouvem, narinas não sentem. Outros precisam do néctar, usufruem da unção e vão embora. Mas a flor fica, abrindo-se e fechando, qual sua recompensa? Um dia, o milagre acontece, e por ter se doado, pela entrega, nasce o fruto, fruto da paz, fruto que traz calma, que relaxa. O fruto do Espírito Santo. Sua vida é dedicada a gerar este fruto. Não depende dela, muitos fatores devem convergir para isso, mas sua atitude inicia o processo através da doação.
O fruto nasce. Um fruto ácido e doce ao mesmo tempo. Forte e suave. Como a Palavra de Deus.

O interessante desse momento, é o fato daquela planta estar ali. No meio de um lugar de salas de aulas. Num jardim, projetado com árvores decorativas. Não se sabe como nasceu, como conseguiu crescer. Talvez uma semente trazida pelo vento, por um pássaro. O fato é que nasceu solitária. Não há outros por perto. Como esperar ser polinizada? Por que florescer? Seriam questões dos homens de pouca fé. Mas os homens “flores de maracujá”, simplesmente florescem, se abrem se doam! Todo resto não é da responsabilidade deles. A razão deve ser ignorada! Se há outras flores?, ou se nascerá o fruto? Isto é para Deus. Pensar no porquê, no benefício, na possibilidade... são coisas que não existem nas flores. Se forem bonitas demais, alguém pode arrancá-las! Mas não serão nem um pouco menos bonita por causa disso! A essência de ser flor é a única coisa que importa. O ambiente não é considerado! Nascer, viver, florescer, doar, frutificar! 

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